Estratégia Digital Nacional terá investimento de 355 milhões nos próximos dois anos
No próximo ano será lançado um projeto-piloto em 10 concelhos para ensinar jovens conteúdos relacionados com robótica, programação e inteligência artificial.
O plano de ação da "Estratégia Digital Nacional 2030" para os anos de 2025-2026 vai ter um investimento de 355 milhões de euros, valor que exclui a iniciativa da Agenda Nacional para a Inteligência Artificial e da futura Agência, anunciou Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização, na conferência sobre medidas para a digitalização adotadas esta quinta-feira em Conselho de Ministros.
A Estratégia Digital Nacional tem um investimento de "355 milhões de euros", adiantou a governante, ressalvando que, nesse montante, "não está o valor da iniciativa da Agenda Nacional para a Inteligência Artificial, porque essa agenda vai ser apresentada no primeiro trimestre de 2025, nem o valor da iniciativa da Agência [de IA ou Digital] que está dependente do resultado do estudo que viermos a fazer".
Este montante "é o Plano de Ação para 2025 e para 2026", precisou mais tarde Margarida Balseiro Lopes, em declarações à Lusa, à margem da conferência.
Dos mais de 300 milhões previstos serem aplicados nos próximos dois anos, "127 milhões de euros são PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], o Connecting Europe Facility são 217 milhões de euros, sete milhões de euros do Pessoas 2030 e 2,5 milhões de euros do Orçamento do Estado", detalhou a ministra na conferência conjunta com o ministro da Educação, Fernando Alexandre, no final da reunião do Conselho de Ministros, em que foi aprovada a Estratégia Digital Nacional até 2030.
Reforçar as competências digitais da população é um dos objetivos desta estratégia que começa a ser implementada já a partir de janeiro. Hoje, apenas 44% da população portuguesa tem competências digitais básicas, sendo o objetivo que até 2030 essa percentagem suba para 80%. Para isso, será feita utilização dos cerca de 900 espaços de cidadão espalhados pelo país, número que até meados de 2026 deverá ser 1.143, para ajudar a população, em particular a mais idosa, a usar a internet de forma segura.
A estratégia passa igualmente pelo reforço dos jovens com formação na área das tecnologias de informação e comunicação (TIC) dos atuais 4,5%, para 7%, em 2030.
"Não podemos ter a transformação digital sem contar com as mulheres", destacou a ministra. Hoje, "as mulheres em TIC é uma mulher para cada cinco especialistas, e nas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) é uma para cada três", diz. "O objetivo é ter 30% e hoje ronda os 20%. É um objetivo que queremos concretizar apostando na Educação, no Ensino Superior e no mercado de trabalho", disse ainda.
Entre os mais jovens, o plano passa igualmente por fazer a revisão dos currículos para reforçar o ensino de conteúdos digitais, disse a ministra.
No próximo ano será lançado um projeto-piloto em 10 concelhos para "aproveitar as férias escolares para ensinar crianças e jovens conteúdos relacionados com robótica, programação e inteligência artificial", disse a ministra sem detalhar os concelhos.
"Sabemos que já acontece com alguns jovens cujos pais têm capacidade financeira para custear estas oportunidades, mas temos de garantir a igualdade de oportunidades", justificou.
Capacitar as empresas com IA e cloud
Capacitar as empresas faz parte da estratégia. Mais de metade das empresas (54%) tem um nível básico de digitalização. "Até 2030 temos de ter 90% das PME", diz. "Para isso vamos apostar no reforço das competências digitais das pessoas e gestores destas empresas e apoiar as PME na adoção de novas tecnologias", diz a ministra.
Apenas 8% das empresas portuguesas utilizam IA na sua operação. "O nosso objetivo é até 2030 ter 75% das empresas em Portugal a integrar esta tecnologia na sua atividade e processos", aponta.
"Vamos para isso criar um polo colaborativo para o digital, uma iniciativa que vai reunir a Administração Pública, empresas, instituições de Ensino Superior e centros de investigação, para conseguir destas forma testar soluções inovadoras, para conseguir desde logo dar resposta aos problemas da Administração Pública", referiu.
O plano passa igualmente pelas infraestruturas, sendo aqui o objetivo uma cobertura "de 100% do território nacional" abrangido por redes 5G, atualmente esse valor está nos 98%, e subir de 32,3% para 75% o número de empresas a adotar serviços de computação em cloud. Para isso, o Governo vai fazer um estudo para "implementar uma cloud soberana".
Na área da cibersegurança, "precisamos de garantir que toda a Administração Pública tem meios, recursos para responder a incidentes que ocorram no futuro" e, para isso no plano de ação para 2025-2026 é uma "bolsa de horas para garantir o apoio técnico necessário" para as entidades públicas possam responder em caso de incidentes.